Vila Facaia é uma freguesia do concelho de Pedrógão Grande, situada no distrito de Leiria, na zona do Pinhal Interior, pertencendo à comarca de Figueiró dos Vinhos e diocese de Coimbra, tendo como orágo Santa Catarina.
Não se pode afirmar com exactidão que a história de Vila Facaia se desenrolou de uma determinada forma, uma vez que não existem muitos manuscritos, nem vestigios arqueológicos ou históricos, no entanto, existem histórias, lendas, e alguns documentos parciais, documentos onde na maior parte das vezes indirectamente vila facaia é referênciado. Isto quer dizer, que ao tentarmos descrever Vila Facaia ao longo dos tempos, poderemos estar enganados ou poderemos estar correctos, ou mais proválvelmente, as duas coisas ao mesmo tempo.
Devido ao estado, em geral despovoamento bastante acentuado, da região entre a Serra da Estrela e o Tejo onde se localiza Vila Facaia ainda antes do nascimento do nosso reino, nada se conhece sobre este território antes do séc. XII, nem mesmo directamente ocorre dele notícia posterior.
Embora não se possa determinar com exactidão o seu povoamento, alguns historiadores remetem-nos para os primórdios da monarquia, pelo que testemunham os nomes das povoações mais antigas, não irá além dos séculos XII e XIII. Tendo como exemplo disso localidades como Pobrais, do arcaico "Pobral", como possíveis casais de povoadores, Rabigordo ou "Rabilgordo", "Selaborda", "Bolim", "Sabrosa ou Suberosa, terra de abundância em sobreiros...". "Villa", advém no sentido estrito do termo de uma proveniência territorial-agrária, "Facaia", deverá ser a alcunha de um qualquer povoador do séc. XIII aqui estabelecido ao foro de Pedrógão, vilão-herdador (cavaleiro-jugadeiro), que a chamou de «Villa Facaia» ou «Villa de Facaia».
No aspecto concreto da sede de Vila Facaia, Vila Facaia, o termo "Vila" representa o sentido arcaico da palavra, uma possessão agrário - territorial, já perto do fim do uso de tal significado, surgindo "Facaia", como o nome ou alcunha do seu primeiro proprietário.
Este território onde se situa Vila Facaia era parte da doação territorial a D. Pedro Afonso, filho bastardo do conquistador D. Afonso Henriques e foi ele que procedeu ao repovoamento desta região.
D. Pedro Afonso deu carta de foral a Vila Facaia no ano de 1206 a Pedrógão Grande “carta donationis et firmitudinis hominibus in villa que dicitur petrogonum moratoribus cum suis terminis” que englobava a área da freguesia de Vila Facaia, tal como dois anos antes havia dado a carta foral de Figueiró dos Vinhos.
Consta-se que no tempo de D. Sancho "um seu filho bastardo de nome "Facaia"" é que construíu aqui entre duas ribeiras, a sua "Villa" (do latim Vila-Vila e), que significa Casa de Campo. Em virtude destes vales serem muito férteis e lhe terem sido doados...
O próprio orago, Santa Catarina, é indicativo de que o povoamento deste território não vinha de longe, ou então, se fez no período já referido, pois a devoção a esta Santa, só se começa a notar entre nós nessa época. Apesar de tudo a Paróquia só vai aparecer mencionada no século XIV.
Por esse tempo, cada um dos moradores, lavrando com boi, teria de dar um "quarteiro", um "manípulo" de linho e uma "nona" de vinho. A produção agrícola dominante seria o vinho, pois que uma nona, constituía já uma quantidade apreciável.
Existem manuscritos que a região de Vila Facaia aquando das Invasões Francesas pelas tropas do General Junot a população de Vila Facaia chegou a enterrar os alqueires de milho e feijão nas suas terras, a esconder o ouro e prata em velhas panelas de ferro nas grossas paredes das habitações.
Diz o povo que existia uma mina que ia das instalações da actual Casa da Cultura até à zona defronte da igreja que "servia" para esconder alguns residentes, e onde numa das extremidades (um pequeno espaço de só uma pessoa), teriam encontrado uma lanterna antiquíssima numa mina e que fosse utilizada para o transporte de água, via subsolo de um local para o outro, quer para efeitos de rega das hortas, quer para dar de beber aos animais ou até com fins domésticos.
Constou-se que no lugar de Salaborda-Velha existiu uma Carvalha "a Carvalha Amara", que pelo seu elevado porte servia para a população se esconder e abrigar dos Franceses, tendo inclusivamente debaixo da sua frondosa copa dado à iuz uma mulher da aldeia.
Segundo Pinho Leal, na sua obra "Portugal Antigo e Moderno" diz-nos o seguinte referindo-se a Vila Facaia:
"... os habitantes de Vila Facaia, são turbulentos e de génio caprichoso e irascível, tanto os homens como as mulheres, algumas das quais chegaram a conquistar uma certa celebridade no crime, matando os filhos, envenenado os maridos e batendo nas próprias mães!"
"... além do vinho, produz ainda cereais, frutas, batatas, azeite e lã, pois cria nos seus montados, gado lanígero, nada exportando no entanto".
"... há nesta freguesia uma escola de instrução elementar criada em 1870, regida muito dignamente pelo Reverendo Albino Simões Cardoso Dias, então pároco em Vila Facaia".
"... o chão desta freguesia é bastante pedregoso e muito acidentado, principalmente o de Vila Facaia, sede da paróquia, pequena aldeia de 40 fogos, de aspecto triste e pouco saudável."